quinta-feira, 23 de junho de 2011

Aquisição da língua de sinais por crianças surdas

Há algumas décadas que nos Estados Unidos pesquisadores vêm desenvolvendo pesquisas sobre a língua de sinais americana (ASL) e sobre sua aquisição por crianças.
Todas essas pesquisas tem como sujeitos crianças filhas de pais surdos, portanto a aquisição da ASL se dá como primeira língua (L1) mas, além dessas pesquisas há outras que estão trabalhando também com crianças surdas filhas de pais ouvintes e com crianças ouvintes filhas de pais surdos. Outras pesquisas ainda trabalharam com crianças surdas filhas de pais ouvintes que devido ao fato de não serem expostas ao ASL desenvolvem sistemas de comunicação gestual inventados. Destas pesquisas pode-se destacar que o processo de aquisição da ASL é igual ao processo de aquisição de línguas orais-auditivas, ou seja, obedecendo a maturação da criança que vai internalizando a língua a partir do mais simples para o mais complexo, há as seguintes fases: PRIMEIRA FASE: há um período inicial que se assemelha ao balbucio das crianças ouvintes, nesta fase a criança produz sequências de gestos que fonologicamente se assemelham aos sinais, mas não são reconhecidos como tal, são somente movimentos das mãos com algumas formas.
SEGUNDA FASE- Frase de uma palavra: a criança surda começa a nomear as coisas, aprende a unir o sinal ao objeto, produzindo suas primeiras palavras. Como as crianças ouvintes que ainda não pronunciam corretamente as palavras nesta fase, as crianças surdas também fazem os sinais com erros nos parâmetros por exemplo, podem trocar a configuração das mãos ou o ponto de articulação, mas o adulto compreende que ela produziu um sinal na lingua. Nesta fase são produzidos dois tipos de sinais: a) os sinais congelados: são os mesmos sinais dos adultos, mas sem flexão de número ou concordância verbal ou aspectos. b) Apontar não-lingüítico: aos dez meses uma criança sursa pode apontar para si e para os outros. Mas os pontos para pessoas desaparacem completamente da produção surda lingüística da criança surda aos doze e dezoito meses e só reaparecem depois deste tempo, entre dois a três anos. Talves neste período haja a passagem do apontar não-lingüistico para o apontar lingüístico, ou seja, a utilização dos pronomes de maneira consciente e não simplesmente um apontar para algo.
TERCEIRA FASE- frase de duas palavras: a partir dos dois anos e meio, a criança surda começa a produzir frases de duas palavras, iniciando uma sintaxe, mas ainda as palavras são usadas sem flexão e concordância a ordem das palavras constituirá sua primeira sintaxe. A partir desta fase a criança surda começa a adquirir a morfologia de uma língua de sinais, a aquisição de subsistemas morfológicos mais complexos continua até aos 5 anos, quando também já produzirá frases gramaticais maiores e mais complexas. O primeiro subsistema mais complexo que adquire é a concordância verbal. Como se pôde observar a partir de alguns aspectos o proceso de aprendizagem de uma lingua de sinais é semelhante ao processo de aquisição de qualquer língua e quanto mais cedo uma criança surda entrar nesse processo, mais natural será. Fonte: Libras em contexto (curso básico) FENEIS

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